A primeira vez que o meu pai me levou ao Martinho da Arcada lanchar tinha eu oito ou nove anos. O Martinho foi sempre o café preferido do meu pai e ponto de encontro com o Pedro Piloto, quando este se encontrava em Lisboa entre duas viagens (o Pedro era piloto da Marinha mercante), o Santana e outros amigos do "Bloco". O pai gostava de passar os serões em casa a fazer soldadinhos de chumbo ou a concertar armas antigas e outras velharias ou, para desgraça dos nossos ouvidos, tocar violino, mas de vez em quando, dizia: "vou ao Martinho e já venho", e ía, contente, na "Vespa" para o Terreiro do Paço.
Há semanas, ao fim da tarde, a minha irmã e eu fomos lá beber uma água das Pedras para ajudar a digerir um almoço à portuguêsa. Foi um momento privilegiado que passámos a admirar a vista que se desfruta das arcadas. No restaurante vazio, Fernando Pessoa esperava os clientes para jantar...
Estas fotos são dedicadas à Isabel, à Margarida Pereira, à Helena Sacadura Cabral e ao primo Francisco.
Nesse fim de tarde calmo e morno pensei que gostava de morrer em Lisboa
Bem haja Helena pelo gosto que me deu. Tambem eu, antes de ir para férias, me dei ao luxo, um fim de tarde, de tomar um sumo de laranja no Martinho.
ResponderEliminarQue tranquilidade amena e que saudades de meu Pai que lá ia com frequência e me levava pela mão, fazendo-me sentir "grande"!
Que lindo azul...; que palavras amorosas, que boas recordações.
ResponderEliminarObrigada pela dedicatória em tão superlativa companhia.
Beijinho.
Muito obrigado Helena, pela bonita dedicatória e por tão bonitas fotografias. O Cais das Colunas é um dos meus locais favoritos de Lisboa, para onde muito peregrinei outrora. O Terreiro do Paço está agora muito melhor - diria até que nunca esteve tão bem - mas demorou tempo demais entre ser um parque de estacionamento e aquilo que é agora (mantenho que levar o Metro até Santa Apolónia foi um desperdício inútil de recursos: para a ferrovia já havia a Gare do Oriente com ligação ao Metro; para a travessia do Tejo há o Cais do Sodré, que também tem ligação ao Metro). Pelo meio, ficaram umas obras horríveis que desfiguraram este centro nevrálgico da História de Portugal durante uma eternidade, para além de sucessivas derrapagens orçamentais, túneis que se inundaram...
ResponderEliminarDo Martinho da Arcada não me recordo mais do que uma ou outra vez com o meu pai, que trabalhava ali mesmo ao lado no Ministério das Finanças, para um ocasional "café em copo" que ele sempre bebia... A última vez que lá estive foi na esplanada.
Pensei no desejo que expressa no final. Não será que a ideia de "morrer em Lisboa" pressupõe, muito antes, viver (muitos e bons anos, ok?) em Lisboa?
Beijos
... e que linda a fotografia com a Arrábida em fundo...
ResponderEliminar(sempre guardei memória dos dias claros, da limpidez dos lugares altos e dos ventos que cantam...)
soldadinhos de chumbo, violino, vespa?...
ResponderEliminarQue maravilha!...
Queridas Helena e Margarida,
ResponderEliminarTenho tantas saudades do tempo em que nos sentiamos grandes! Hoje não temos outra alternativa...
Boa semana!
Caro Francisco,
ResponderEliminarO Terreiro do Paço é o melhor écran da luminusidade de Lisboa e oferece-nos, por vezes, fins de tarde deslumbrantes!
Soldadinhos de chumbo foi uma das paixões do meu pai que passou serões inteiros a encher os moldes de chumbo derretido (nesse tempo, não havia consciência das consequências), depois "limpava" as imperfeições e nós pintávamos, com pinceis finíssimos, exercitos inteiros! era bem melhor que ouvi-lo tocar violino....