quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

"um dia rirá melhor quem rirá por fim"


A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada à covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação
 
Fez ontem 24 anos que Zéca Afonso nos deixou orfãos.
Portugal perdeu um grande homem e com ele perdemos a esperança de viver amanhãs que cantam uma nação mais justa e amiga dos seus filhos.
 
Até sempre amigo!

2 comentários:

  1. rodrigues.cli@gmail.com24 de fevereiro de 2011 às 14:16

    ....Pois é, e tão esquecido que está... e tão actuais que são as suas baladas e intervenções,tanto recanto desconhecido, do Prtugal profundo que calcorreámos juntos, e eram de esperança e alegria num País melhor, e são estes os momentos, que a dor no peito é maior,porque do País melhor só resta as miragens, e as cassetes antigas que gravadas por esses caminhos fora........ Bem, mas o Sol tem que brilhar,não sei bem como, mas um dia será....

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  2. subscrevo o sentido de perda...

    Mas a obra prevalece e a mensagem também, e a referência modelo é tão encorajadora...

    Além de que não está esquecido por nós...

    Canta um choro, que doí tanto, a desfaçatez da exploração do homem pelo homem... Bem , O seu Deus ainda lhe poupou sentir na pele insidiosamente a mais dissimulada, a da mulher ...
    Isabel seixas

    Isabel seixas

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