sábado, 9 de abril de 2011

Compromisso nacional (47+1)

9 comentários:

  1. Intrigante título...
    Há bolo e velas ?

    Um beijo, HELENA.

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  2. Querida Helena
    Parece-me que o manifesto dos 47 representa apenas uma forma de legitimar a suspensão da democracia que implicará os termos do acordo que nos vai ser imposto pelos credores alemães e franceses via FEEF/FMI. Quando o dito manifesto fala em "melhor distribuição da riqueza" e "informação objectiva sobre a realidade nacional", quem estará a ser ludibriado? Não sabemos como foi na Argentina? Não sabemos o significado desta "ajuda" na Grécia e na Irlanda? Como conciliar aquelas duas expressões do manifesto com as afirmações recentes do Presidente do Eurogrupo, que apontam para a continuidade do desmantelamento do Estado Social? Como podemos acreditar que austeridade e recessão possam produzir crescimento económico?

    Escreveu Nuno Teles no "Ladrões de Bicicletas":

    A democracia como obstáculo

    Já sabemos que o próximo governo português vai ser decidido, não a 5 de Junho, mas lá para meados de Maio, quando as condições do empréstimo do FEEF/FMI forem definidas. Não contente com isso, um grupo de personalidades assina hoje um manifesto que, para além de um conjunto de banalidades, assinala dois importantes pontos: 1- “(...) compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoco(...)”; 2- “(...) consenso mínimo deverá formar-se sobre o processo de consolidação orçamental e a trajectória de ajustamento para os próximos três anos prevista na última versão do Programa de Estabilidade e Crescimento”. Conclusão: a democracia é uma chatice e o que é necessário é um compromisso entre os partidos para que os portugueses não tenham opção de escolha. O único caminho possível é o da austeridade, com os excelentes resultados que todos conhecemos.

    Não surpreende a convergência, e coincidência, destes intelectuais orgânicos do poder com as declarações de Alexandre Soares dos Santos, presidente do grupo Jerónimo Martins: "Tem de haver um acordo pré-eleitoral" entre os principais partidos. O que, sim, surpreende é ver nomes como os de Boaventura Sousa Santos, Siza Vieira ou Júlio Pomar a fazerem o frete. Sinceramente, espero que tenham sido ludibriados.

    Entretanto, olhos postos na Islândia. Uma lição em curso.»

    (http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2011/04/democracia-como-obstaculo.html)

    Beijinhos

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  3. ... ou seja: um compromisso para, sob a capa da "salvação nacional" (leia-se: salvação dos credores) legitimar a continuidade da selvajaria neoliberal: aumento do IVA, aumento dos transportes, privatização da CGD, CP, Carris, Metro, TAP,EDP, Águas de Portugal, desmantelamento do sistema público de saúde e de educação, flexibilização da lei laboral, novos cortes nos salários, subsídio de Natal, congelamento das pensões e redução das prestações sociais, etc., etc...
    A este "Compromisso" eu preferiria que estas distintas personalidades apelassem à justiça fiscal, impondo uma taxa sobre as transacções financeiras e que obrigasse a banca a pagar impostos como as demais empresas. Como é possível destruir assim a classe média, arruinar o país e querer que os que mais têm e podem continuem sem contribuir para nada que não seja a satisfação dos seus interesses, isto é, acumular a riqueza espoliada à economia produtiva? Assim, não haverá projecto europeu que resista. As primeiras manifestações, em Lisboa ou em Londres, foram tímidas, Mas por este andar o caos social não tardará. à medida que vamos empobrecendo, fermentará o descontentamento e a revolta, e agravar-se-á a desconfiança generalizada com a política e os políticos. Que dizer, quando o próprio parlamento europeu vota o aumento dos seus próprios salários e mordomias? Sem o mínimo de decoro, neste contexto de crise?!...

    QUe tristeza...

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  4. Querido Francisco,

    Eu não vivo em Portugal há mais de 30 anos e não tenho legitimidade nenhuma para dar opiniões. Pelo que tenho lido e ouvido, há umas semanas e esta parte, a situação económica e social em Portugal começou a degradar-se já antes da grande crise mundial para culminar na presente crise. Os grandes erros da democracia portuguesa não datam de ontem e o PS e/ou Sócrates não são os únicos culpados. Os fundos injectados a Portugal pela CEEE foram, em grande parte, muito mal gastos, e nessa altura, poucas vozes denunciaram os escandalosos desvios de milhões de contos roubados à agricultura, à educação, à saúde para só falar nos mais prejudicados. Nunca se viveu tão bem em Portugal enquanto durou a "vache à lait". Consumiu-se sem moderação nem pudor. Chegou o momento de pagar a factura e não há dinheiro. Casa onde não há pão todos gritam e ninguém tem razão.

    O PEC IV era uma solução drástica mas era a única solução para evitar ajuda externa. Agora os Portugueses vão levar com um PEC "XIV" imposto por "terceiros", com um governo PSD&Cy/PS....

    A atitude do PSD e a do PR foram e são lamentáveis! Cavaco Silva "engoliu" ontem o maior dos enxovalhos. Uma vergonha para todos nos!
    O seu comentário poderá ser realista se for o PSD e o CDS/PP juntos a saírem maioritários nas eleições de Junho o que me parece pouco provável. Caso contrario, ai sim, infelizmente, Francisco, talvez tenha razão. Para evitar o pior cenário, o "Compromisso", indispensável para tirar o pais do caos, diz nos pontos 4b e 5:

    "b) em segundo lugar, um compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de negociação permanente, como tem acontecido no passado recente; numa perspetiva de curto prazo, esse consenso mínimo deverá formar-se sobre o processo de consolidação orçamental e a trajetória de ajustamento para os próximos três anos prevista na última versão do Programa de Estabilidade e Crescimento; e, numa perspetiva de médio/longo prazo, sobre as seguintes grandes questões nacionais, relacionadas com a adaptação estrutural exigida à economia e à sociedade: a governabilidade, o controlo da dívida externa, a criação de emprego, a melhor distribuição da riqueza, as orientações fundamentais do investimento público, a configuração e sustentabilidade do Estado Social e a organização dos sistemas de Justiça, Educação e Saúde.

    5- As próximas eleições gerais exigem um clima de tranquilidade e um nível de informação objetiva sobre a realidade nacional que não estão neste momento asseguradas. A afirmação destes compromissos, a partir de um esforço conjunto dos principais responsáveis políticos, ajudará seguramente a construir uma solução governativa estável, que constitui a primeira premissa para que os Portugueses possam encontrar uma razão de ser nos sacrifícios presentes e encarar com esperança o próximo futuro."

    Se não houver "compromisso" e justiça não há democracia -boa ou ma- possível. Voltar atrás, nunca!
    Um grande abraço amigo.
    Bom domingo
    Beijinhos

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  5. Ola João!

    O "Compromisso nacional" tem 47 signatários + uma virtual que sou eu.

    Bolo e velas foi no dia 8 para festejar os 28 anos da minha filha Charlotte.
    Beijinhos e boa continuação!

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  6. Querida Helena
    Tem toda a razão quando diz que o problema não é de agora. Um dos principais responsáveis pelo descalabro que se seguiu à nossa integraçõo na então CEE e ao desperdício de milhões foi Cavaco Silva e os seus ministros, que tornaram a acumulação de dinheiro na base do reconhecimento social, com os seus banqueiros (v. gente do BPN) e "negócios" que, com as privatizações, se instalaram à sombra do Estado, sobretudo com a política do betão. A teia da corrupção data desse período em que ficámos sem indústria, sem agricultura e silvicultura, sem pescas... e nos venderam a ideia que iríamos ser um país de serviços, destruindo-se o que sobrava intacto no Algarve. Mas os dinheiros para formação e educação também cairam em saco roto, a pobreza manteve-se e, enquanto uns passaram a andar de carros topo de gama e a comprar casas luxuosas, muitos continuaram pobres, anestesiados com futebol e telenovelas. Guterres tentou inverter um pouco este descalabro com a sua aposta na educação, mas o mal estava feito e capitulou perante os banqueiros. Sócrates fez coisas boas, onde se destaca a aposta nas energias renováveis, mas foi incapaz de governar à esquerda, arrastando-nos para um abismo mais cavado entre os que tudo podem e a massa dos miseráveis que vivem com pensões de 180 e salários de 480 euros. Pior: mentiu e, já com a crise a estalar, foi incapaz de proteger os mais desfavorecidos. Tal como Guterres, capitulou perante os banqueiros reunidos no Banco de Portugal para assegurarem a permanente chantagem sobre a coisa pública que salvaguarda a acumulação de capital. Para que tudo continue na mesma e beneficiar a mesma camarilha de sempre a receita, agora, parece simples: compromisso entre os dois partidos do "arco governativo" - os partidos onde, justamente, se encontram distribuídas as teias de corrupção que garantem a vida boa aos conselhos de administração e aos que se sentam nas assembleias de accionistas, aos que nunca ganharam um milhão a menos desde que a crise estoirou mas antes, pelo contrário, decretaram eles próprios os valores das suas reformas e indemnizações, sempre maiores, e escusaram-se ao fisco mesmo nas barbas do Estado, como a humilhação que Sócrates teve da PT. Eles sobreviverão, sem dúvida, e saberão fazer os compromissos que garantam a prossecução do saque.
    Concordo consigo quando fala no enxovalho a Cavaco por parte de Oli Rehn. Foi merecido. Creio, aliás, que não há nada a esperar de um país que voltou a eleger aquele homem para presidente. Resta-nos assistir, então, ao compromisso PS-PSD - o mesmo que já existia com o PEC 1, 2 e 3. O mesmo que sempre existiu na distribuição das rendas e das prebendas, entre cilícios e aventais... Enquanto isso, os miseráveis arrastam-se nas filas dos centros de emprego e da segurança social e os velhos já nem têm o suficiente para a conta da farmácia.
    Antes pudessem as rosas florescer na nossa cruz...
    É aproveitar o Sol, enquanto ninguém se lembra de privatizar a luz natural ou o ar que respiramos...
    Bom Domingo
    Beijinhos

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  7. rodrigues.cli@gmail.com11 de abril de 2011 às 15:24

    Pois é , é tudo muito lindo de se dizer,debater e considerar....Mas quem cá vive,sabe que o País, e alguns Portugueses estão cansados de tanta mentira,e tantas falsas ilusões atiradas para a mesa...Que Cavaco Silva,Psd e afins sejam culpados de toda esta crise,que se projeta desde tempos anteriores, não pode ser de estranhar, pois são partidos com politicas de direita, que sempre se assumiram como tal, nunca enganaram ninguém....Agora, os que se dizem fiéis do socialismo,democracia etc,etc, esses não podem deixar de ser tristemente penalizados por tudo o que se está a passar, ou seja, Sócrates, não pode mentir,não pode ludibriar, e dar voltas ao baralho,preocupado com qual dos angulos fica melhor na fotografia, ou então terá que sair do PS, e deixar de dizer que é o garante da democracia, os seus tremendos erros, não podem ser justificados,com os erros dos partidos de direita...nem Mário Soares pode agora vir justificar o apoio que deu a Fernando Nobre...há atitudes na vida,injustificáveis, e imperdoáveis, ou então, deixamos de acreditar que um dia, valeu a pena lutar pela liberdade e pelo 25 de Abril.... Não podemos mascarar as coisas, nem dourar as pilulas...

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  8. "(...) Não podemos mascarar as coisas, nem dourar as pilulas..."

    Não?!
    Mas se é isso que sempre se fez, é isso que se faz, e é seguramente isso que sempre se fará!
    Lamento..., infelizmente a realidade não é poética. É cínica. É malévola. É cruel.
    E trucida - literalmente - quem não adere ou não se afasta.
    Também me desgostei, pois, logo eu, 'florzinha', mas um dia temos de acordar para a realidade.
    Dói que se farta, mas é melhor assim do que sangrar por dentro.

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  9. Queridas Climénia e Margarida,
    Querido Francisco,

    Dou-vos razão em tudo! o pobre país foi saqueado por um bando de arrivistas: uns sedentos de poder, outros de dinheiro, outros por poder e dinheiro. Enquanto os fundos vinham de fora, a maioria acomodou-se. Agora que vos vão até ao fundo dos bolsos, a "pilula" é bem mais dura de engolir.

    Protestem alto e bom som! Denunciem o cinismo e a mentira aquí, na rua, nas urnas, por todo o lado! Se necessário for, largo tudo e junto-me aos que estão dispostos a lutar por uma democracia transparente e justa.

    Abraços amigos

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