sexta-feira, 15 de julho de 2011

Férias!

O mar está à minha espera. Vou ter com ele hoje e volto daqui a um mês.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O último Herói Romântico de Portugal

Faz hoje, 14 de Julho, dia em que se comemora a revolução francesa, dois anos que o meu amigo Hermínio da Palma Inácio morreu. Para que a sua memória continue a estimular-nos a  lutar pela Liberdade e Justiça transcrevo a homenagem que a minha prima Isabel lhe dedicou.

Ordem da Liberdade para o último Herói Romântico de Portugal
"Foi na Estufa Fria, em Lisboa, que centenas de pessoas se reuniram para expressar a Palma Inácio a sua gratidão pela coragem com que enfrentou a Ditadura de Salazar. Nesse dia, 13 de Maio de 2000, o Presidente da República, pela mão de Manuel Alegre, atribuiu-lhe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

A vida de Hermínio da Palma Inácio, o "Velho" para os que o tratavam pelo seu nome de guerra, merecia certamente um filme, como sugeriu um seu companheiro de luta, Amândio Silva, na homenagem ao "último Herói Romântico de Portugal", numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Lisboa e do Museu República e Resistência.

"Figura lendária da luta pela liberdade", nas palavras de Manuel Alegre, Palma Inácio desafiou a PIDE durante três décadas, levando-a mesmo a cair nas suas próprias armadilhas, para desespero dos inspectores da ex-polícia política.
Hoje com 78 anos, militante socialista e deputado à Assembleia Municipal de Lisboa, Palma Inácio iniciou a luta antifascista com a sua adesão ao "Golpe dos Militares", em 10 de Abril de 1947, um movimento desencadeado pelo general Godinho e pelo almirante Cabeçadas e que contou com a participação de alguns civis, entre os quais João Soares, pai de Mário Soares.
Ao jovem revolucionário, então com 25 anos, coube a tarefa de sabotar os aviões da base aérea da Granja, Sintra, onde havia prestado serviço militar e cruzado os céus de Portugal, - ironia do destinos - muitas vezes na companhia do oficial da Força Aérea Humberto Delgado.
Esta acção acabou por lhe valer sete meses de clandestinidade, numa quinta em Odivelas, seguindo-se a sua detenção pela PIDE, conhecendo assim, pela primeira vez, as celas do Aljube. À espera do julgamento, Palma Inácio foi preparando a fuga. Na manhã de 16 de Maio de 1948, com quatro lençóis enrolados nas pernas, debaixo das calças, juntou-se aos outros reclusos, na fila para a casa de banho. Um breve momento de ausência do guarda permitiu-lhe lançar-se pela janela, numa altura de cerca de 15 metros do chão, caindo junto à sentinela da prisão, no exterior do edifício, que não teve tempo de reagir. Palma Inácio pôs-se em fuga, desaparecendo no meio da multidão. Com a PIDE de novo à sua procura, seguiu para Marrocos, de onde, após várias peripécias pelos mares, consegue chegar aos Estados Unidos.

O "brevet" de piloto garantiu-lhe a sobrevivência, mas as autoridades acabam por o localizar, obrigando-o a abandonar o país. O destino foi o Rio de Janeiro, juntando-se assim a outros antifascistas que do exterior procuravam meios para acabar com o regime de Salazar em Portugal. Estava-se em 1956 e Palma Inácio contava 34 anos. Dois anos depois, a luta antifascista agitou-se com a candidatura do General Sem Medo às eleições presidenciais e o exílio deste no Brasil, a que pouco depois se junta também o capitão Henrique Galvão.
Palma Inácio, acompanhado de Camilo Mortágua, Amândio Silva, Maria Helena Vidal, João Martins e Francisco Vasconcelos, preparou então uma operação que haveria de acordar Lisboa de espanto - na manhã de 10 de Novembro, um avião da TAP, que partira de Casablanca, é desviado para sobrevoar Lisboa, onde são lançados cerca de 100 mil panfletos antifascistas. Os caças da Força Aérea não conseguem interceptar o avião, que regressa a Casablanca, para desespero do Regime.

De regresso ao Brasil, o grupo confrontou-se com a necessidade de procurar financiamento para as suas operações. Começou assim a preparação do mais espectacular golpe contra a Ditadura, o assalto à dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, concretizada em Maio de 1967 com Camilo Mortágua, António Barracosa, e Luís Benvindo. Foi a operação que mais feriu o regime de Salazar, não apenas pela operação em si, mas porque todos os pedidos de extradição solicitados pelas autoridades portuguesas às suas congéneres estrangeiras foram recusados, uma vez que os respectivos órgãos judiciais compreenderam que se tratara de uma operação de carácter político - uma realidade com que ainda hoje alguns (poucos) portugueses não se conformam.

Nesta altura, o movimento antifascista estava localizado em Paris, onde acaba por nascer a LUAR - Liga de Unidade e Acção Revolucionária, que reivindicou o assalto para como operação manifestamente política.
Na capital francesa, Palma Inácio planeou outro golpe, talvez mais arrojado que o anterior, mas que acabaria por fracassar: tomar a cidade da Covilhã. Deste vez, é detido pela PIDE, que acabará por sofrer uma das suas maiores humilhações. Palma Inácio concebeu a célebre fuga da prisão do Porto, serrando as grades da cela com lâminas que a sua irmã lhe fizera chegar, com a ajuda do informador da PIDE, de alcunha o "Canário", e o conhecimento dos inspectores Barbieri Cardoso e Sachetti, que se havia introduzido na LUAR.Ambos os inspectores sabiam da existência das lâminas mas nunca as conseguiram localizar, apesar das inúmeras revistas à cela.
Em Novembro de 1973, é de novo detido pela PIDE, depois de Ter entrado clandestinamente em Portugal para mais uma operação. Toda a raiva da polícia política contra Palma Inácio desabou sobre ele na primeira noite, em que foi barbaramente espancado.

Cinco meses depois, na sua cela, recebeu, em código morse feito pela buzina de um carro, nas imediações de Caxias, a primeira notícia de que um golpe militar está em curso. A Revolução estava na rua. No dia seguinte, a 26 de Abril, chegou a ordem de libertação dos presos políticos. Contudo, Palma Inácio foi o último a sair, pois alguns militares, que recusavam ver o assalto à Figueira da Foz como uma operação política, resistiram à sua libertação.

Quem conheceu este antifascista, de cachimbo sempre no canto da boca e casaco de xadrez, saberá o quanto estas linhas são poucas para espelhar a sua vida, em que à coragem juntou a lealdade e o seu humanismo, que lhe valem o título de "o último herói romântico de Portugal".
Isabel Oneto

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O amor supera a crise!

"Il existe plusieurs façons de tomber amoureux. Parfois il s'agit d'un coup de foudre, parfois il s'agit d'une amitié qui se transforme en amour. Certains tombent amoureux de façon répétitive, d'autres peuvent aimer deux ou trois personnes dans toute leur vie, avec une fidélité et un engagement total. Bien que notre façon de tomber en amour semble être reliée à notre personnalité, une même personne peut tomber amoureuse de différentes façons au cours de sa vie, tout dépendant de son âge, des étapes de vie et des expériences qu'elle traverse".

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Davam-me cá um jeito...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

"Geração aflita"


Pergunta a Professora:
"Joãozinho, sabe a quem é que se deve o pinhal de Leiria?"
"ó s'tora, então essa m... também não está paga?!..."

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Apelo

O "Le Monde.fr" lança hoje um apelo : Portugais, quel est l'impacte des mesures d'austérité sur votre quotidien?

"Vous ou votre famille habite au Portugal ? Quels sont les effets concrets des mesures d'austérité sur votre vie quotidienne ? Ressentez-vous une différence ces derniers mois ? Comment réagissez-vous à l'abaissement de la note de la dette portugaise par l'agence Moody's ? Craignez-vous de nouvelles mesures d'austérité ? Une sélection de vos témoignages sera publiée sur Le Monde.fr". 
Que bela oportunidade para fazer coro com o Embaixador de Portugal em França aqui e aqui. E também aqui ou aqui!


Em tempo: O "Le Monde.fr" publica hoje, 11 de Julho, algumas respostas a este apelo:


Les portugais sont en colère contre Moody'y
"Après tout ce que nous avons souffert, et ce que nous allons souffrir encore, nous réagissons très mal." A Lisbonne, Inès Furtado, professeur syndiquée de 60 ans, n'accepte pas les décisions de Moody's d'abaisser la note de la dette du Portugal de quatre crans ainsi que celle de quatre banques portugaises. Malgré le programme de rigueur mis en place en échange d'un prêt de 78 milliards d'euro, l'agence de notation craint que le Portugal ne parvienne pas à tenir ses engagements en matière de réduction des déficits.


"Si jusqu'à présent les Portugais ont accepté les indications des agences de notation financière, c'est que le gouvernement socialiste sortant manquait cruellement de crédibilité", estime Jony Pereira, un internaute de 34 ans qui a répondu à notre appel à témoignages. Tout au long de son mandat, ce dernier "a appliqué des mesures d'austérité, en affirmant que c'étaient les dernières" et que jamais le Portugal n'aurait besoin de l'aide du Fonds monétaire international (FMI). Autant de promesses non tenues qui ont poussé les Portugais à avoir "un peu plus confiance" en l'Europe et les agences de notation qu'en leur propre gouvernement. Mais, aujourd'hui, M. Pereira juge que "la donne a changé", et que le gouvernement actuel "donne l'impression d'être responsable", ce qui explique l'indignation et la surprise des Portugais.


Mais tous ne sont pas surpris. "Les agences de notation sont très liées à des intérêts particuliers, à des clients qui sont joueurs sur le marché", accuse Joao Teixera Lopes, sociologue à Porto et ancien élu du Bloc des gauches (BE, anticapitaliste). Dans un pays où le chômage atteint 12,4 % de la population active (au premier trimestre 2011, un record), cette annonce inquiète. "La vie des Portugais n'est pas facile aujourd'hui, rappelle Mme Furtado, et avec Moody's, Fitch et les autres agences de notation, la vie est encore plus difficile."
"DES PRIX PARFOIS ÉQUIVALENTS AUX PRIX PRATIQUÉS EN FRANCE"
Pour ramener son déficit public de 9,1 % à 5,9 % dès cette année, le gouvernement socialiste, battu aux législatives de juin, puis le gouvernement de droite ont pris une série de mesures qui touchent directement le portefeuille de ses concitoyens : hausse de la TVA, baisse des dépenses publiques de santé, baisse des salaires supérieurs à 1 500 euros dans la fonction publique, des allocations chômage et de la prime de fin d'année. Pour Ana Silva Martins, étudiante de 22 ans "choquée" par les annonces de Moody's, ces mesures "marquent beaucoup plus les esprits" de ses compatriotes que les notations des agences.
"Le prix de certaines denrées alimentaires ou vestimentaires sont parfois équivalents aux prix pratiqués en France alors que ces deux pays n'ont pas le même niveau de vie", explique Cécilia Tinoco, l'une de nos internautes. Guisa Corria, permanente syndicale de 56 ans, fait le même constat. "Concernant l'alimentation, il faut penser à acheter des choses moins chères, et de moins bonne qualité, indique-t-elle. J'aime bien le poisson frais, mais c'est trop cher."
Cette hausse des prix concerne également d'autres secteurs. "Le prix d'un ticket de métro a complètement changé, constate Rita Porto, étudiante en journalisme à Lisbone, c'était 1,20 euro il y a quelques années, et maintenant, c'est 1,50 euro."
Traditionnellement, "le Portugais sort beaucoup le soir, et mange beaucoup à l'extérieur" rappelle M. Pereira. Un mode de vie aujourd'hui menacé. "Le taux de fréquentation des restaurants a chuté, juge-t-il, et autour de moi, je vois des restaurants qui ferment." "Je ne peux plus faire des choses que je faisais avant,confirme Mme Furtado, dont le revenu est de 2 000 euros par mois, comme partir en vacances et avoir de petits loisirs." "Le peuple portugais continue à sortir ou à réaliser de merveilleuses fêtes populaires comme la Saint-Jean", nuance cependant Mme Tinoco.
Les effets des mesures d'austérité se font également ressentir sur les services publics. "Beaucoup de médicaments ne sont plus remboursés maintenant",regrette l'internaute Claudia Rodrigues. Habitante de Porto depuis près de seize ans, elle ajoute que six bureaux de poste ont été supprimés ce mois-ci dans la ville.


"LES GENS SONT TRISTES ET RÉSIGNÉS"
L'Etat cherche également à faire des économies ailleurs, en réduisant ses effectifs. De plus en plus nombreux depuis quelques années, les précaires de la fonction publique souffrent. Enseignant vacataire au collège public d'Albufeira (sud du Portugal), Jony Pereira constate une augmentation du nombre d'élèves par classe et la suppression de certaines matières (aides aux études et projet de classe) et activités extrascolaires. Deux phénomènes qui vont logiquement entraîner des suppressions de postes. "Du coup, mon avenir professionnel est incertain, alors que j'enseigne depuis presque onze ans" s'inquiète-t-il.
Certains de ses collègues sont déjà touchés. "A la moitié du mois, je n'ai déjà plus argent", explique Victor Miranda, professeur syndiqué, et vacataire depuis une quinzaine d'années. Il dit ne plus avoir suffisamment d'argent pour acheter un livre pour l'école ou se payer une formation. En contrat précaire, il touche moins de 1 500 euros par mois et, pour boucler son budget, il doit demander l'aide de ses proches.
M. Miranda n'est pas le seul Portugais à se trouver dans une situation financière difficile. "Ces vingt dernières années, les Portugais ont vécu un peu au-dessus de leurs moyens", note M. Pereira. Ils ont contracté de nombreux crédits, et n'arrivent plus à les rembourser aujourd'hui, à cause de la baisse des salaires et de la montée du chômage.
M. Pereira raconte l'histoire de la cousine de sa compagne, obligée d'emprunter une deuxième fois pour rembourser un premier crédit. "Elle s'est un peu emmêlé les pinceaux, et elle vit très très mal en ce moment, expose-t-il, elle fait des heures supplémentaires et son mari travaille comme un dingue" pour rembourser la dette du couple.


D'autres sont dans une situation encore plus difficile et n'arrivent pas à tenir jusqu'à la fin du mois, raconte Joao Teixera Lopes. Le sociologue vit à Porto, dans le nord du pays, une zone particulièrement touchée par la crise économique. "Il y a de la faim au Portugal, estime-t-il, si vous habitez dans une grande ville, vous voyez la nuit des centaines de personnes qui sont en train de s'alimenter dans les institutions de charité." Il décrit une situation "de profond malheur social" et "des gens tristes et résignés".


"LES GENS N'ONT PAS D'AUTRES CHOSES À DONNER"
Une résignation qui explique pour M. Teixera Lopes l'absence de mouvement social fort comme en Grèce dans les rues portugaises. Victor Miranda estime que la majorité de ses compatriotes n'a pas compris ce qu'il se passe. "Il y a beaucoup de monde qui pense qu'avec ces mesures, la situation sera meilleure d'ici trois, quatre ans" explique-t-il, avant de confier son scepticisme : "Je pense que nous allons être en crise dans les vingt prochaines années." M. Teixera Lopes ne se fait pas plus d'illusions sur l'avenir. "Cela va être très dur, je pense que le Portugal ne va pas être capable de payer sa dette et qu'il faudra la restructurer", estime-t-il. Il craint que les mesures d'austérité n'étouffent l'économie portugaise et ne mettent fin à certains services publics comme la santé.
Tous s'inquiètent de nouvelles mesures d'austérité. "Je ne sais pas quelles mesures ils vont inventer pour trouver de l'argent, s'interroge Rita Porto, parce que les gens n'ont pas d'autres choses à donner." Si de nouvelles mesures sont prises, la jeune femme pense que les gens descendront dans la rue. "Je ne crois pas qu'il y aura à court terme des manifestations populaires importantes, tempère M. Pereira, mais la situation pourrait changer d'ici la fin de l'année, s'il n'y a pas de résultats positifs visibles, comme une baisse du chômage."

terça-feira, 5 de julho de 2011

Blogosphère politique

Deparei com este artigo* e fui dar a este. Ambos valem a leitura. Inquietante...


*de Abel Mestre et Caroline Monnot" in Le Monde.fr" 04.07.11 

sábado, 2 de julho de 2011

Bom fim de semana!


Poemas numa noite de Verão (II)

Le baiser de Auguste Rodin
Beijos no "Diario de bordo" do António
"Toma-me.
A tua boca de linho sobre a minha boca Austera.
Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.

Tempo do corpo este tempo. Da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.

E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.
Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu delinqüescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga

Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa
De púrpura. De prata. De delicadeza."


"Toma-me" de Hilda Hilst

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Poemas numa noite de Verão (I) - António Martins de Oliveira

Photo by litutuc
"...e mais além a voz do mar soante
geme num salmo lento e suplicante
a dor das pedras em clamor
que as furnas rumorejam à de cor

e pombos bravos, corvos e gaivotas
esquivos,assustados nos penedos
escondem os ninhos com as asas rotas
não vão os filhos escutar os medos

e sobre o mar profundo e a terra agreste
aumenta o sorvedouro do leixão:
luxúria do mar em rebentação
que a terra engole
enrola
embala
e veste"

António Martins de Oliveira é padre e poeta do Algarve e "saudoso tio" de "ERA UMA VEZ".