Querida ERA UMA VEZ, O que eu penso é que há muito que não há lenha para quem mais precisa. Invernos rigorosos são o “pai-nosso-de-cada-dia” de muitos portugueses que não beneficiaram das ajudas da CEE nos tempos das extintas “vacas gordas”. Agora pagam, com língua de pau, o que lhes restava para se aquecerem no cantinho na chaminé... É o preço a pagar pelas dividas contraídas por quem os governou. É injusto para a maioria dos portugueses? É!
Concordo consigo. ... Quero continuar a acreditar. Gosto de alguns sinais. De algumas pessoas. Mas hoje fiquei triste com a estreia do novo Parlamento. Não tanto pelo conteúdo, mais pela forma. O primeiro ministro deve ter visto o mesmo que eu(espero) Todos nós conhecemos pessoas que são grandes profissionais, mas que é preferível que "alguém" fale por eles.Fazem sono.E não pode ser. Porque neste momento, como a mulher de César, "não basta ser sério, é preciso parece-lo"e CONVENCER.
E para convencer um povo a "alinhar" é preciso chama, força, garra... Qualquer coisa como se deve passar nos quartéis quando o comandante dos bombeiros grita: Há Fogo, e é grande! Mas nós somos maiores. E os homens agigantam-se.
E depois aquela velha história de, enquanto um, seja ele que for, "bota" discurso e se dirige a alguém, e esse alguém está numa converseta sorridente com o ministro do lado...para mim não dá.Não é falta de respeito???
Enfim...às tantas sou eu que estou amarga. Amanhã volto a acreditar.Prometo. Boa noite.
Pronto eu sei que não vem a propósito, mas aí vai: Acho que vou sair uma semana. Montei um pequenino exército de profissionais para cuidarem de quem sabe e amh de manhã e aí vamos nós a caminho do meu sul, das minhas raízes, do mar, das areias douradas e do casario branco que ao pôr do sol me ilumina a alma. Depois os meus lugares de culto, ou seja, quatro ou cinco restaurantezinhos onde servem os petiscos simples mas deliciosos que lembram a casa dos avós e os tempos" de moça pequena "
A propósito do meu sul, permita-me deixar aqui "o final" do mais belo poema que conheço sobre Sagres e foi escrito há umas dezenas de anos por António Martins de Oliveira, meu saudoso tio, padre e poeta do Algarve
...e mais além a voz do mar soante geme num salmo lento e suplicante a dor das pedras em clamor que as furnas rumorejam à de cor
e pombos bravos, corvos e gaivotas esquivos,assustados nos penedos escondem os ninhos com as asas rotas não vão os filhos escutar os medos
e sobre o mar profundo e a terra agreste aumenta o sorvedouro do leixão: luxúria do mar em rebentação que a terra engole enrola embala e veste
Caríssimas Helenas, um dia ofereço-vos o livro. Até breve.
É, efectivamente simples - uns gastam e os outros pagam. Uns arrecadam os lucros, os outros pagam os prejuízos. Nada mais justo e moralmente são: eu compro e vendo acções, faço apostas de milhões em títulos de dívida pública de uns países que conheço vagamente mas seguramente que são uns PIGS, tenho um Lamborghini e um Jaguar (nunca seria piroso a ponto de ter um Ferrari) na garagem, comprei um volvo topo de gama para a minha esposa, anéis de diamante para a minha amante, Audis para os meus filhos e vivo num condomínio privado que me custou 3 mnilhões, tenho uma casa nas avenidas novas que só custou um milhão e meio, passo férias na Tailândia, em Nice ou Montecarlo. Sei que no meu banco, ganhou-se muito dinheiro a impingir cartões de crédito à escumalha, aos piolhosos, os que culpados disto tudo, pois são uns invejosos que querem viver acima da sua condição, como se não estivessem nunca satisfeitos com o que Deus lhes deu. Ainda bem que são eles que vão pagar esta porcaria que os governos fazem. A mim, se me cobrassem impostos sobre os meus negócios, mudava-me para o Mónaco e tinha o problema resolvido. Assim mesmo é que é. Quiseram ter casa própria e comprar televisões quando não podiam, pois agora têm que fazer sacrifícios. Ao menos eu farto-me de criar riqueza, por isso seria injusto cobrarem-me impostos. Temos é que emagrecer o Estado, que gasta tudo e desencoraja os empreendedores, como eu. Bravo Dr. Passos Coelho! Ao menos no Natal, esta gentalha poderá pensar melhor na doutrina da fé!...
J L Pio Abreu, no 'Destak': «Acho graça ao respeito que a opinião pública e publicada tem pelos agentes de mercado. Chamam-lhes ‘investidores’, mesmo sabendo que eles nada investem, apenas vendem para comprar mais barato ou compram para vender mais caro. Há uns tempos para cá, resolveram começar a vender e comprar dívidas. Com esta meritória actividade, os investidores’ conseguiram criar o buraco do Lehman Brothers e provocar uma crise económica mundial que resultou em desemprego, desorganização familiar e social, pobreza, fome, desespero, suicídios e criminalidade. Mas isto pouco importou aos agentes de mercado. Aliás, entretidos com as cotações, transacções e prémios, nem tiveram tempo de reparar no problema. Na sua cegueira gananciosa, os ‘investidores’ subiram a parada e dedicam-se agora à comercialização das dívidas dos Estados. Ao mesmo tempo, numa operação concertada, os ‘investidores’ sugam os países do Sul da Europa que não têm qualquer possibilidade de conter os Euros subtraídos. O maior roubo da história humana está em curso. E quem o está a fazer? – Os chamados ‘investidores’. É tempo de chamar as coisas pelos nomes. Não são eles que nos chamam pigs? Na verdade, os agentes de mercado são apenas especuladores. E andam os povos a lutar contra os políticos, e estes a fazer leis para agradar aos ‘investidores’ à custa da contenção dos seus povos. Mais valia que as fizessem contra a especulação financeira. E que punissem os grandes ladrões como punem os pequenos.»
Querido Francisco, Subscrevo o que disse e o que João Rodrigues diz no "Ladrão de bicicletas": "Estou sem tempo para fazer outra coisa que não seja repetir o que neste blog: http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2011/07/eles-repetem-se.html temos dito, agora a propósito da nova ronda de austeridade que, uma vez mais, corta directamente os rendimentos da maioria dos trabalhadores: o governo até pode cortar na despesa e tentar aumentar as receitas de forma manhosa, erodindo a moralidade fiscal, mas não controla o défice orçamental, porque não controla a reacção no lado das receitas, e mesmo em algumas rúbricas da despesa pública, à recessão induzida pela quebra na procura graças a sucessivas rondas de austeridade. É o tal círculo vicioso que também tem sido gerado pela decisão de proceder a transferências de rendimentos para o buraco sem fundo criado pelo capital financeiro e de activos para os sectores rentistas. Os compromissos do governo só são firmes com quem aposta na transformação do poder do dinheiro concentrado em poder político. Vítor Gaspar bem que pode falar de credibilidade e de confiança com toda a calma do mundo. As duas palavras do pensamento económico mágico, que já achou, e nos sectores lunáticos ainda acha, que a austeridade podia ter efeitos expansionistas, exprimem cinismo ou cegueira ideológica. É a perspectiva de evolução da procura e, secundariamente, o acesso ao crédito que determinam o investimento. Quem pode ter confiança?"
ERA UMA VEZ tem uma sorte "danada" de ter um tio poeta e de ir para Sagres que é o "canto" mais lindo do Algarve! Consolo-me com a esperança de receber, em mão própria, o livro prometido...:) Boas férias!
Amiga Helena, Sabe perfeitamente que às vezes a provoco um tudo ou nada tanto sobre as políticas do Nosso País. Nunca estranhe ou se aborreça comigo: ao contrário de mim, sabendo-a de esquerda (centro-esquerda), sei-a igualmente de muito bom senso e, principalmente, muito conhecedora da realidade dos últimos tempos em Portugal. Acredita que alguma esquerda (cada vez menos) ainda acreditava que a ajuda externa era dispensável se a oposição não tivesse chumbado o PEV IV...? Não é, inteligentemente, o seu caso. Um bom fim de semana e... "passe por mim no" Centro Georges Pompidou. Beijinho, Paulo
E a Helena...o que pensa???
ResponderEliminarQuerida ERA UMA VEZ,
ResponderEliminarO que eu penso é que há muito que não há lenha para quem mais precisa. Invernos rigorosos são o “pai-nosso-de-cada-dia” de muitos portugueses que não beneficiaram das ajudas da CEE nos tempos das extintas “vacas gordas”. Agora pagam, com língua de pau, o que lhes restava para se aquecerem no cantinho na chaminé... É o preço a pagar pelas dividas contraídas por quem os governou. É injusto para a maioria dos portugueses? É!
Olá amiga
ResponderEliminarConcordo consigo.
... Quero continuar a acreditar. Gosto de alguns sinais. De algumas pessoas. Mas hoje fiquei triste com a estreia do novo Parlamento. Não tanto pelo conteúdo, mais pela forma. O primeiro ministro deve ter visto o mesmo que eu(espero)
Todos nós conhecemos pessoas que são grandes profissionais, mas que é preferível que "alguém" fale por eles.Fazem sono.E não pode ser.
Porque neste momento, como a mulher de César, "não basta ser sério, é preciso parece-lo"e CONVENCER.
E para convencer um povo a "alinhar" é preciso chama, força, garra... Qualquer coisa como se deve passar nos quartéis quando o comandante dos bombeiros grita: Há Fogo, e é grande! Mas nós somos maiores. E os homens agigantam-se.
E depois aquela velha história de, enquanto um, seja ele que for, "bota" discurso e se dirige a alguém, e esse alguém está numa converseta sorridente com o ministro do lado...para mim não dá.Não é falta de respeito???
Enfim...às tantas sou eu que estou amarga.
Amanhã volto a acreditar.Prometo. Boa noite.
É o preço a pagar pelas dividas contraídas por quem os governou.
ResponderEliminarPerfeitamente de acordo. Nomeadamente pelas que duplicaram nos últimos seis anos. Concorda, Querida Helena...?
Beijinho,
paulo
Pronto eu sei que não vem a propósito, mas aí vai:
ResponderEliminarAcho que vou sair uma semana. Montei um pequenino exército de profissionais para cuidarem de quem sabe e amh de manhã e aí vamos nós a caminho do meu sul, das minhas raízes, do mar, das areias douradas e do casario branco que ao pôr do sol me ilumina a alma. Depois os meus lugares de culto, ou seja, quatro ou cinco restaurantezinhos onde servem os petiscos simples mas deliciosos que lembram a casa dos avós e os tempos" de moça pequena "
A propósito do meu sul, permita-me deixar aqui "o final" do mais belo poema que conheço sobre
Sagres e foi escrito há umas dezenas de anos por António Martins de Oliveira, meu saudoso tio, padre e poeta do Algarve
...e mais além a voz do mar soante
geme num salmo lento e suplicante
a dor das pedras em clamor
que as furnas rumorejam à de cor
e pombos bravos, corvos e gaivotas
esquivos,assustados nos penedos
escondem os ninhos com as asas rotas
não vão os filhos escutar os medos
e sobre o mar profundo e a terra agreste
aumenta o sorvedouro do leixão:
luxúria do mar em rebentação
que a terra engole
enrola
embala
e veste
Caríssimas Helenas, um dia ofereço-vos o livro. Até breve.
É, efectivamente simples - uns gastam e os outros pagam. Uns arrecadam os lucros, os outros pagam os prejuízos. Nada mais justo e moralmente são: eu compro e vendo acções, faço apostas de milhões em títulos de dívida pública de uns países que conheço vagamente mas seguramente que são uns PIGS, tenho um Lamborghini e um Jaguar (nunca seria piroso a ponto de ter um Ferrari) na garagem, comprei um volvo topo de gama para a minha esposa, anéis de diamante para a minha amante, Audis para os meus filhos e vivo num condomínio privado que me custou 3 mnilhões, tenho uma casa nas avenidas novas que só custou um milhão e meio, passo férias na Tailândia, em Nice ou Montecarlo. Sei que no meu banco, ganhou-se muito dinheiro a impingir cartões de crédito à escumalha, aos piolhosos, os que culpados disto tudo, pois são uns invejosos que querem viver acima da sua condição, como se não estivessem nunca satisfeitos com o que Deus lhes deu. Ainda bem que são eles que vão pagar esta porcaria que os governos fazem. A mim, se me cobrassem impostos sobre os meus negócios, mudava-me para o Mónaco e tinha o problema resolvido. Assim mesmo é que é. Quiseram ter casa própria e comprar televisões quando não podiam, pois agora têm que fazer sacrifícios. Ao menos eu farto-me de criar riqueza, por isso seria injusto cobrarem-me impostos. Temos é que emagrecer o Estado, que gasta tudo e desencoraja os empreendedores, como eu. Bravo Dr. Passos Coelho! Ao menos no Natal, esta gentalha poderá pensar melhor na doutrina da fé!...
ResponderEliminarJ L Pio Abreu, no 'Destak':
ResponderEliminar«Acho graça ao respeito que a opinião pública e
publicada tem pelos agentes de mercado. Chamam-lhes ‘investidores’, mesmo sabendo que eles nada
investem, apenas vendem para comprar mais barato ou compram para vender mais caro. Há uns tempos para cá, resolveram começar a vender e comprar dívidas. Com esta meritória actividade, os investidores’ conseguiram criar o buraco do Lehman Brothers e provocar uma crise económica mundial que resultou em desemprego, desorganização familiar e social, pobreza, fome, desespero, suicídios e criminalidade. Mas isto pouco importou aos agentes de mercado. Aliás, entretidos com as cotações, transacções e prémios, nem tiveram tempo de reparar no problema. Na sua cegueira gananciosa, os ‘investidores’ subiram a parada e dedicam-se agora à comercialização das dívidas dos Estados. Ao mesmo tempo, numa operação concertada, os ‘investidores’ sugam os países do Sul da Europa que não têm qualquer possibilidade de conter
os Euros subtraídos. O maior roubo da história
humana está em curso. E quem o está a fazer? – Os
chamados ‘investidores’. É tempo de chamar as
coisas pelos nomes. Não são eles que nos chamam pigs? Na verdade, os agentes de mercado são apenas especuladores. E andam os povos a lutar contra os políticos, e estes a fazer leis para
agradar aos ‘investidores’ à custa da contenção
dos seus povos. Mais valia que as fizessem
contra a especulação financeira. E que punissem os grandes ladrões como punem os pequenos.»
Querido Francisco,
ResponderEliminarSubscrevo o que disse e o que João Rodrigues diz no "Ladrão de bicicletas":
"Estou sem tempo para fazer outra coisa que não seja repetir o que neste blog: http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2011/07/eles-repetem-se.html
temos dito, agora a propósito da nova ronda de austeridade que, uma vez mais, corta directamente os rendimentos da maioria dos trabalhadores: o governo até pode cortar na despesa e tentar aumentar as receitas de forma manhosa, erodindo a moralidade fiscal, mas não controla o défice orçamental, porque não controla a reacção no lado das receitas, e mesmo em algumas rúbricas da despesa pública, à recessão induzida pela quebra na procura graças a sucessivas rondas de austeridade. É o tal círculo vicioso que também tem sido gerado pela decisão de proceder a transferências de rendimentos para o buraco sem fundo criado pelo capital financeiro e de activos para os sectores rentistas. Os compromissos do governo só são firmes com quem aposta na transformação do poder do dinheiro concentrado em poder político. Vítor Gaspar bem que pode falar de credibilidade e de confiança com toda a calma do mundo. As duas palavras do pensamento económico mágico, que já achou, e nos sectores lunáticos ainda acha, que a austeridade podia ter efeitos expansionistas, exprimem cinismo ou cegueira ideológica. É a perspectiva de evolução da procura e, secundariamente, o acesso ao crédito que determinam o investimento. Quem pode ter confiança?"
Caro Paulo,
ResponderEliminarSabe tão bem como eu que gastos e dividas já vinham de longe mas concordo que foram agravados nos últimos anos.
Abraço amigo
ERA UMA VEZ tem uma sorte "danada" de ter um tio poeta e de ir para Sagres que é o "canto" mais lindo do Algarve!
ResponderEliminarConsolo-me com a esperança de receber, em mão própria, o livro prometido...:)
Boas férias!
Amiga Helena,
ResponderEliminarSabe perfeitamente que às vezes a provoco um tudo ou nada tanto sobre as políticas do Nosso País. Nunca estranhe ou se aborreça comigo: ao contrário de mim, sabendo-a de esquerda (centro-esquerda), sei-a igualmente de muito bom senso e, principalmente, muito conhecedora da realidade dos últimos tempos em Portugal. Acredita que alguma esquerda (cada vez menos) ainda acreditava que a ajuda externa era dispensável se a oposição não tivesse chumbado o PEV IV...? Não é, inteligentemente, o seu caso.
Um bom fim de semana e... "passe por mim no" Centro Georges Pompidou.
Beijinho,
Paulo