segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Amar

"Une ville a ses murs, ses jardins, ses coins de rue, ses marchés aux fleurs. Ses habitants, globules de son sang. Une ville est pleine de passants qui vont d'un endroit inconnu vers un lieu secret."

Photo Robert Doisneau
"Só um.

Eu nem pensava, sentia. Era o tempo de secretos sorrisos, sinos, grinaldas. Deslizava pelas perfumarias para o inspirar e escolhia presentes infindos para lhe agradar.

Quais lágrimas! Nem da saudade roída, doida, latejante nos pontos cardeais, animada da vontade do abraço, do regresso, da passagem das horas e dos dias – desmesurados anos a cada escoar de um minuto.

A melancolia era apenas a razão, o saber, a antecipação do que haveria de ser.
 Esqueci a cidade da guerra, mesmo curvada sob o triunfante arco – homenagem a todos os defuntos, sobretudo os meus -; as cidades crescem ou envelhecem e nós com elas, e com a memória do que foram mais o sonho do provir.
Photo Robert Doisneau
Delirava pela alma em que cria, com o que imaginava, mais do que com o que via ou vivenciava.
E era eu de capa negra com ele no café, era meu o à la graçonne cruzando com o seu melhor amigo os Champs, e todos os mitos a preto e branco a rodopiar em redor, numa girândola incandescente.
Photo Robert Doisneau
Tempos de fuga entre as marés, em que recebia postais mais do que ilustrados e mensagens secretas em cada baforada das chaminés.

As reproches seguiam, desdenhando o desejo e as reproches viriam, esquecendo o mesmo.
...  Adieu."

7 comentários:

  1. Onde é que já li ...
    De qualquer forma vale a pena reler.
    Isabel Seixas

    ResponderEliminar
  2. Robert Doisneau teve um olhar refinado.
    Ao redor das suas fotos, aquela espécie de comentário, sem aprimoramentos nem ponderação, é um embaraço para as emoldurar, tão lindas são...
    ...
    Merci, Helena!

    ResponderEliminar
  3. LOL!
    Isabel-dos-mimos!
    ..vocês "estragam-me"...
    chuácks!

    ResponderEliminar
  4. Helena O.
    Há razões que a própria razão desconhece. Não podia ter encontrado fotos e textos que melhor se adequassem ao que sinto hoje.
    E que sempre sentirei em relação às guerras.
    Bem haja por nos dar o amor em tempo de guerra!

    ResponderEliminar
  5. Querida Helena,

    Este sublime poema de amor é da nossa amiga Margarida e as fotos são universais.

    O tempo é propício à melancolia d'outros tempos, d'outras vidas d'outros amores...
    Anime-se Helena! Temos saudades das suas gargalhadas!

    ResponderEliminar
  6. Helena..., não é um poema, são ideias soltas meio a galope inspiradas por aquelas da poetisa brasileira que agora conheci nos salões da nossa embaixada virtual.
    Apenas as minhas memórias, por agridoces que sejam, estão imbuídas nas 'plumas-e-paetês' da paixão - e assim permanecerão.
    Há quem se tenha apercebido das minhas 'fraquezas' e saiba como espevitar-me a verve.
    E o que eu adoro gente inteligente...
    ;)

    ResponderEliminar
  7. Querida Margarida,

    As "ideias soltas" que (nos) vai deixando são pedaços de vida que "ficam a navegar no nosso sangue, porque se cravaram além dos olhos e da pele: na alma".
    A paixão ilumina-lhe a verve!

    ResponderEliminar