terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Bloody Sunday", 40 anos depois


"On the 30th of January 1972 in Derry, Ireland 26 civil rights demonstrators and bystanders were shot by the British Army Parachute Regiment without warning or provocation. 13 died on the spot and another was mortally wounded. All were unarmed and most were teenagers. No one has ever been brought to justice."

Lembro-me do terrível Bloody Sunday e da escalada de violência que se lhe seguiu. Durante os três anos que passei em Londres "vivi" a guerra civil na Irlanda do Norte, a guerra colonial portuguesa, a guerra do Vietname,  a guerra civil no Guatemala, a terceira guerra indo-paquistanesa, o golpe de estado no Chile, a guerra do Kippour, as "guerras" que os regimes fascistas brasileiro, espanhol, grego, português e uruguaia infligiam aos seus cidadãos, o apartheid na África do Sul, para não citar os conflitos étnico-religiosos que se eternizam na Europa, na Indonésia, na Malásia, no médio-Oriente, no Nepal, em África, etc.

Milhões de seres humanos nascem, vivem e morrem em territorios ou paises em permanente estado de guerra.  Entre 1970 e 1975, anos particularmente "ricos" em conflitos sangrentos, conheci homens e mulheres, refugiados políticos de diferentes nacionalidades e religiões,  que haviam sofrido em crianças os mesmos traumas que viveu o (multi-premiado) escritor irlandes Robert McLiam Wilson : 'I spent a great deal of my childhood seeing things that I shouldn't have seen and making the acquaintance of uncomfortable notions that certainly could have waited a decade or so for their entrance. Murder, violence, blood, guts and sundry other features of Irish political life tend to telescope one's development a little as you can imagine.'" (in Ripley Bogle, 1989) 

Apesar do acordo de paz assinado no "Good Friday" (sexta-feira santa) em 1998  entre católicos e protestantes e do "apologised to the victims" proferido por David Cameron no dia 22 de novembro de 2011, o conflito que culminou no "Bloody Sunday" continua vivo na memória das duas comunidades norte-irlandesas. Crianças católicas e protestantes não se "misturam" nos bancos das escolas de Londonderry.
Será utopia pensar que católicos e protestantes poderão um dia unir-se numa marcha de reconciliação nacional?

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