É tão mais simples o desígnio solar, o brilho das jóias de imitação, os salamaleques oportunos (istas). O negrume da noite ou as vagas tempestivas moldam o carácter, porém. Quem é doce não se amargura, apenas reserva o néctar para aqueles que dele realmente necessitam. O resto é poeira. E a vida breve demais para desperdícios.
Alguma vez saberemos porque acontece ou não acontece? Quantas vezes surge inesperadamente e quantas outras não chega a nascer apesar de tudo parecer favorável?
Estou em crer que há na amizade uma atração indelével sem ser causa efeito, um enamoramento ambíguo sem ser egocêntrico, um bem querer próximo da aceitação incondicional que se renova aquando da alegria partilhada e da mão dada na adversidade. Abraço Isabel
Já Camilo Castelo Branco, um dos expoentes da literatura portuguesa, deixou-nos um magnífico soneto com o título «Os amigos», numa definição que concordo, em absoluto! O «torturado de Seide» descreveu, com singular dramatismo, as emoções que sentiu na sua própria experiência de vida, no momento que mais estava dependente desse sentimento descomprometido:
Amigos cento e dez, e talvez mais, Eu já contei.Vaidades que eu sentia! Pensei que sobre a terra não havia Mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos cento e dez, tão serviçais, Tão zelosos das leis da cortesia, Que eu, já farto de os ver, me escapulia Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente. Ceguei. Dos cento e dez, houve um somente Que não desfez os laços quase rotos. - «Que vamos nós (diziam) lá fazer? Se ele está cego, não nos pode ver" – Que cento e nove impávidos marotos!
Este magnífico soneto e a visão que apreendi da sociedade confirmam que a amizade só existe quando despida de qualquer interesse. Mas, como a sociedade está estruturada em interesses vários… é, quase sempre, um caso perdido este extraordinário sentimento da amizade!
É tão mais simples o desígnio solar, o brilho das jóias de imitação, os salamaleques oportunos (istas).
ResponderEliminarO negrume da noite ou as vagas tempestivas moldam o carácter, porém.
Quem é doce não se amargura, apenas reserva o néctar para aqueles que dele realmente necessitam.
O resto é poeira.
E a vida breve demais para desperdícios.
A amizade é como o amor...um mistério.
ResponderEliminarAlguma vez saberemos porque acontece ou não acontece?
Quantas vezes surge inesperadamente e quantas outras não chega a nascer apesar de tudo parecer favorável?
Dá que pensar, não dá?
Abraço
Estou em crer que há na amizade uma atração indelével sem ser causa efeito, um enamoramento ambíguo sem ser egocêntrico, um bem querer próximo da aceitação incondicional que se renova aquando da alegria partilhada e da mão dada na adversidade.
ResponderEliminarAbraço
Isabel
Já Camilo Castelo Branco, um dos expoentes da literatura portuguesa, deixou-nos um magnífico soneto com o título «Os amigos», numa definição que concordo, em absoluto!
ResponderEliminarO «torturado de Seide» descreveu, com singular dramatismo, as emoções que sentiu na sua própria experiência de vida, no momento que mais estava dependente desse sentimento descomprometido:
Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei.Vaidades que eu sentia!
Pensei que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez, houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
- «Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver" –
Que cento e nove impávidos marotos!
Este magnífico soneto e a visão que apreendi da sociedade confirmam que a amizade só existe quando despida de qualquer interesse. Mas, como a sociedade está estruturada em interesses vários… é, quase sempre, um caso perdido este extraordinário sentimento da amizade!
Carlos da Gama