O embaixador Francisco Seixas da Costa deixou ontem Paris a caminho de Lisboa. Um absurdo 'limite de idade' pôs termo às funções do melhor embaixador que Portugal teve em Paris. FSC inovou, incentivou e criou novos conceitos de diplomacia. Fê-lo com profissionalismo, generosidade e brio. A sua carreira de diplomata e o seu contributo como secretario de estado foram brilhantes e coroados de êxitos.
Tive o prazer de ser convidada à recepção de despedida do encantador casal Seixas da Costa que decorreu na embaixada no dia 18 de Janeiro. Foi uma soirée muito simpactica com boa musica e muitos amigos.
No seu excelente blog "Duas ou Três Coisas", Francisco Seixas da Costa descreveu essa despedida no texto que transcrevo:
"Estes têm sido, como é natural, os dias das despedidas, dos amigos e dos conhecidos. É um ciclo por que já passámos outras vezes e que sempre nos dá alguma medida daquilo que, ao longo de cada posto, fomos criando de relação pessoal e profissional. É um período algo "stressante" mas muito agradável, em que nos damos conta de que talvez devêssemos ter passado mais tempo com essas pessoas. Mas a vida é o que é.
Ontem, ao final da tarde, mais de duas centenas de amigos tiveram a amabilidade e a simpatia de afrontar a temperatura negativa e a neve que cobria as ruas de Paris, para virem juntar-se a nós num encontro, não de "adieu" mas de "au revoir". Tive então oportunidade de assumir, perante eles, que nós, os diplomatas, somos uns verdadeiros privilegiados. Menos por aquilo que os sinais exteriores indiciam mas, muito mais, pelas oportunidades que fomos tendo, ao longo desta vida errante, de conhecer gente diferente, muitas pessoas interessantes, oriundas de outras culturas e com diversas perspetivas de vida. Guardamos para a vida amigos de imensas nacionalidades, alguns com quem mantemos relações regulares, outros que fomos reencontrando, outros que cruzamos a espaços, com o email e o facebook a ajudar. Essa é a verdadeira riqueza que se acumula numa carreira como a nossa, a qual, no meu caso, se suspende no final do mês.
Com boa música à mistura - Irene Lima no violoncelo, Adriano Jordão ao piano -, juntámos algumas das muitas pessoas que Paris nos proporcionou o ensejo de conhecer. Sentimos pena por não ser possivel ter conosco todos quantos nos ajudaram a transformar este nosso posto de Paris na bela jornada profissional e humana que foi. Mas cada um sabe bem o que lhe devemos.
Dei comigo a pensar que é muito interessante olhar, em perspetiva, para esse círculo de relações. Os embaixadores são diferentes uns dos outros, nas ideias, na forma de estar, nas opções que tomam. Tudo isso ajuda a defini-los, pela positiva e pela negativa. São medidos no plano profissional, desde logo por Lisboa, mas também pelos diversos setores que se ligam às embaixadas: comunidade, empresários, meios culturais, imprensa e, também, pelos estrangeiros, os outros diplomatas, autoridades e amigos locais de Portugal. Mas são igualmente avaliados no plano humano, pelo que projetam, pelo que dizem, pelo modo como se relacionam. É assim, em toda a parte.
Não conheço nenhum embaixador que, em algum posto, tenha feito a unanimidade. Há quem goste de nós, como haverá sempre quem nos olhe de forma distante, às vezes por nossa culpa, outras por falta de empatia ou por alguns terem sentido que lhes não foi dada a importância a que achavam ter direito. É a lei da vida. No que me toca, e por onde passei, tentei sempre garantir duas coisas. Em primeiro lugar, que os interesses portugueses fossem protegidos: a imagem do país, os interesses económicos, os valores culturais, a defesa dos direitos das comunidades, a manutenção de uma interlocução positiva e eficaz com as entidades locais. Mas cuidei também, sempre, em que, no plano pessoal e humano, fosse possível manter uma relação com as pessoas de onde transparecesse o respeito que devemos aos outros, a cordialidade que há que transmitir na relação com terceiros. Se consegui, ou não, fazer isso, não me compete a mim dizê-lo.
Ontem à tarde, nos dourados quase aristocráticos da rue de Noisiel, não deixei de recordar - talvez para surpresa de alguns - que, ao longo de todo este tempo em Paris, nunca me deixei de considerar embaixador de "todo" o Portugal que por aqui está, desde logo, e a começar, por quantos vieram para França em condições muito difíceis, em registos de tragédia e de aventura humana que o país não tinha o direito de lhes exigir. E, por isso, ao lado de embaixadores estrangeiros, de empresários portugueses e franceses, de figuras gradas da vida social e política parisiense, tivemos o gosto de ter conosco amigos que vieram para França "a salto", que viveram no "bidonville" de Champigny, que por aqui passaram "as passas do Algarve" ou que são oriundos dessa geração. Gente de todas - de todas! - as cores políticas, de todos os estratos sociais. Hoje, simplesmente, amigos.
No final, confesso que gostei muito que a última música, escolhida e interpretada pelo Adriano Jordão e pela Irene Lima, tivesse sido de Fernando Lopes-Graça. Uma canção popular transmontana".
Francisco Seixas da Costa deixa muitas amizades em França. Tenho o privilégio de ser uma delas.
Bien à vous, mon très cher Ambassadeur!
Querida Helena
ResponderEliminarDe facto é uma pena quando profissionais que se destacam pelo profissionalismo com performances invejáveis investidas a bem da comunidade que representam, são inibidos de exercer essas funções por imperativos como a idade cronológica. Mas...
Tenho a certeza que vai surpreender também pela positiva no novo cargo.
E a Nós possibilitar-nos auferir e participar das reflexões que partilha no duas ou três coisas.
Bom domingo
Abraço
Talvez o nosso Embaixador faça falta a este País aqui "em casa"
ResponderEliminarE,quem sabe, mais cedo que se pensa.
Há "dois ou três lugares" para os quais seria a pessoa certa.
Digo eu.
Com tantos que saem, é bom que voltem alguns dos nossos melhores...
Estou com a amiga Isabel...
ResponderEliminarAbraço, Helena.
:))
Completamente de acordo com ERA UMA VEZ !
ResponderEliminarQueridas Isabel, ERA UMA VEZ, Anamar e Julia,
ResponderEliminarEstou absolutamente de acordo com os vossos comentarios!
Homens com perfil (e optimismo) como do nosso querido embaixador ha poucos!
Ouçam o que ele diz na despedida!
Beijinhos:)!
Querida Julia,
ResponderEliminarJuro que não pagei nada aos jornalistas da LusoPress TV para ficar enquadrada:)!
Tem piada porque estamos todos mais ou menos "no champ da caméra" a começar pelo "so cute" Pedro Lourtie, os simpaticos Julia e Bruno Macias-Valet, a minha amiga Teresa Felner da Costa e ao fundo, o nosso querido Alcipe, so para mencionar os mais bonitos:):)!
Este video é uma preciosa recordação dessa memoravel soirée!
Deixe-me adivinhar...
ResponderEliminarLoura, linda, dinâmica elegante num chanel preto e branco. Será???
Querida ERA UMA VEZ,
ResponderEliminarAdorava que fosse isso tudo:)!
O meu casaco pied-de-poule não é da Chanel.
Um grande abraço
Nem é preciso.
ResponderEliminarAfinal,só errei nesse detalhe.
Um grande abraço também.
Querida Helena
ResponderEliminarSó vi agora o video,gostei imenso e concordo na integra com a nossa amiga Era Uma Vez.
Também achei o Sr. embaixador e a Sra. embaixatriz muito elegantes e com um discurso positivo e encorajador.
O sr. Embaixador poeta e a Esposa acho que só vi um bocadinho.
E tive pena de não ver a Júlia... Acho eu, vi?
Abraço
Isabel
Ola Isabel : )
ResponderEliminarApareço sim senhora no "boneco" mas muito discretamente : sentada durante o recital e mais tarde em pé em frente da Helena e a falar com o nosso Cônsul em Paris.
PS ...pequena dica : tenho um casaco a 3/4 cor de mel e um vestido preto. À vous de jouer ma chère Isabel ;)
Va Isabelinha eu dou uma ajudinha :)
ResponderEliminarVoltei a ver o video so para si. Veja os minutos : 1:39, 3:04, 4:17, 5:38 (ponho o cabelo detrás da orelha), 6:10 (estou detrás de uma amiga da Helena) e aos 7:20 (vou-me embora com o meu marido.
Para completar os detailhes dados pela Julia: é à Julia e ao Bruno (marido da Julia, à minha esquerda) que estou a contar, com gestos demasiado largos, ja não me lembro bem o quê:)...
ResponderEliminarO nosso amigo embaixador poeta so aparece "enquadrado", como diz a Julia, por instantes no fundo do salão onde esteve muito ocupado a fazer diplomacia com altas personalidades... Tive muita sorte em poder, por escassos segundos, dar-lhe um abraço, antes dele "fugir" para ir jantar com a filha. Ficamos com muita pena de não poder "profiter d'avantage" da sua agradavel companhia!
Que querida,obrigada Julinha,mas a Menina/senhora nem tanto se mostrou como no seu perfil, só mesmo com as dicas ,de qualquer forma não duvido que estiveram e foram ambas presenças muito elegantes, além claro, da vossa simpatia natural.
ResponderEliminarAbraço
Querida Isabel,
ResponderEliminarGosto do Menina, lembra-me a peça de Strindberg ;)
Ah pois "Menina Júlia"...
ResponderEliminarNunca tive oportunidade de ver a peça, mas também não gosto do fim...
Helena
ResponderEliminarEu só agora descobri este vídeo. Fiquei muito feliz de conhecer a família do meu embaixador preferido.
Vou tornar a ver o vídeo pois quem sabe um dia eu tenho a graça de conhecer o Sr embaixador Francisco quando for em Portugal novamente?
com carinho Monica