quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Restaurar, de novo, a independência de Portugal


“Nos anos imediatamente anteriores a 1640 começou a intensificar-se o descontentamento em relação ao regime (...) em parte dos membros da classe aristocrática, dos eclesiásticos (principalmente os jesuítas, que exploraram nesse sentido as crenças sebastianistas – e, em geral, «encobertistas») e acaso também entre os interessados no comércio com as províncias ultramarinas do Atlântico. (…) A má administração do governo (...) constituía uma grande causa de insatisfação dos Portugueses em relação à união (.). Dessa má administração provinha o agravamento dos impostos.
O movimento iniciou-se (...) quando o povo se amotinou contra o aumento de impostos decretado pelo governo em Lisboa. A elevação do imposto (do real de água) e a sua generalização a todo (o Reino de) Portugal, bem como o aumento das antigas sisas, fez aumentar a indignação geral, explodindo em protestos e violências. O povo (de Évora) deixou de obedecer aos fidalgos. O movimento insurreccional não conseguiu destituir o Governo em Lisboa. Tropas (...) vieram em seu auxílio para reprimir a revolução. A ideia de recuperar a independência era cada vez mais poderosa e a ela começaram a aderir todos os grupos sociais.
Os Burgueses estavam muito desiludidos e empobrecidos. Os nobres descontentes viam os seus cargos ocupados. Tinham perdido privilégios, eram obrigados a suportar todas as despesas(...). Também eles empobreciam e era quase sempre desvalorizada a sua qualidade ou capacidade. A principal gestão da governação (do reino) de Portugal, que era obrigatoriamente exigida de ser realizada "in loco", era entregue a nobres (...) e não portugueses. Estes últimos viram-se afastados da vida da corte e acabaram por se retirar para a província, onde viviam nos seus palácios ou casas senhoriais, para poderem sobreviver com alguma dignidade imposta pela sua classe social.
Portugal, na prática, era como se fosse uma província (...), governada de longe. Os que ali viviam eram obrigados a pagar impostos que ajudavam a custear as despesas do Império (...) que também já estava em declínio.
Foi então que um grupo (de nobres -cerca de 40 conjurados-) se começou a reunir, secretamente, procurando analisar a melhor forma de organizar uma revolta (...). No dia 1 de Dezembro do mesmo ano de 1640, eclodiu por fim em Lisboa a revolta, imediatamente apoiada por muitas comunidades urbanas e concelhos rurais de todo o país, levando à instauração da independência de Portugal”.

Neste 1° de Dezembro de 2011 estão, de novo,  reunidos idênticos motivos de descontentamento. Haverá, ainda, 40 conjurados para recomeçar, uma vez mais, a organizar uma nova revolta?

5 comentários:

  1. Querida Helena

    Consta por aqui que esta será a última vez que o 1º de Dezembro terá honras de Feriado. Verdade seja dita que nos inquérito de rua, pouquíssimos sabem o que significa.

    Por mim, penso que, dadas as ameaças "eurofilipinas" que por ai pairam...alguém poderia ter usado este dia como INSPIRADOR para um povo obrigado a "restaurar-se"...nem que fosse a contar a história da História.

    Nem uma palavra!!!

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  2. Querida amiga,
    E por tanta ignorância que o nosso pais esteve e continua a estar onde esta. Urge restaurar tudo!

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  3. Não há.
    Falam, falam, mas está tudo manietado pela realpolitik; sucede que, para se governar um Estado, são também necessários apoios externos, em várias frentes e, com uma insurreição, virar-nos-iam as costas (por assim dizer) e então é que era o descalabro absoluto.
    Esta é uma teia longa e forte; estamos absoluta e irreversivelmente enredados.
    Daqui, só para um federalismo ainda maior e uma óbvia subserviência total.
    Concedo que a ideia é tremendamente apelativa e incomensuravelmente romântica, mas estes são os tempos globalizantes, a fusão é a estratégia, mais do que a união.
    Quem viver, verá.

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  4. Cara Margarida(se a Helena me permite)

    Quando me refiro a um dia inspirador, não é propriamente para tomar uma posição radical e violenta como em 1640. Mas sinceramente acredito que no contexto actual, e dentro dos condicionalismos que temos, poderia ser feito um trabalho de motivação e vontade de vencer junto de todos e cada um de nós com uma linguagem simples e acessível.

    Não seria a primeira vez que se faria um cordão humano e " vencedor" neste País.

    Em vez disso, sentimos sobre a nossa cabeça todos os dias uma fria e implacável máquina de calcular. Sem respeito, sem humanismo.

    Falta o apelo à cumplicidade e o fardo seria mais suportável.
    Acreditar que, independentemente da distribuição das "culpas" temos de lá chegar.

    Se a fusão é a estratégia, então essa terá de ser a meta(nas melhores condições)
    O esclarecimento provoca entusiasmo e isso "acrescenta", não concorda?

    Ultrapassada a doença na fase aguda, falar-se-á mais tarde do resto.

    "Quem viver, verá" não é?

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  5. Queridas amigas,

    O 1° de Dezembro, o 5 de Outubro e o 25 de Abril são marcos históricos indeléveis. Ninguém os suprimira. A crise não justifica a amnésia de quem nos governa. Há ainda em Portugal "conjurados" capazes de avivar a memória colectiva. Juntemos-nos a eles! Ideia romântica? Claro que é! Uma coisa é certa: não nos podem roubar nem a vontade, nem o sonho nem a memória.

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