sexta-feira, 5 de outubro de 2012

5 de Outubro de 2012

 
 
 
Lacrimae Rerum
 
Noite, irmã da Razão e irmã da Morte,
Quantas vezes tenho eu interrogado
Teu verbo, teu oráculo sagrado,
Confidente e intérprete da Sorte!

Aonde são teus sóis, como corte
De almas inquietas, que conduz o Fado?
E o homem porque vaga desolado
E em vão busca a certeza que o conforte?

Mas, na pompa de imenso funeral,
Muda, a noite, sinistra e triunfal,
Passa volvendo as horas vagarosas...

É tudo, em torno a mim, dúvida e luto;
E, perdido num sonho imenso, escuto
O suspiro das coisas tenebrosas...

Antero de Quental, in "Sonetos"

3 comentários:

  1. Que boa escolha para traduzir um estado de espirito coletivo.

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  2. ...partir para uma Índia Nova, feita da matéria de que os sonhos são feitos, foi a opção saudosista, integralista e de algum modernismo. Agora que os tempos são semelhantes, que campeia a onzena sem rédea nem freio; que partem as gentes, descalças e de cotovelo roto, para outras terras; que se vive um tempo apocalíptico em que a razão fica aposentada e os filhos de uma pátria morta (sim, porque como sabemos, Portugal desceu ao túmulo), tal como na geração neo-garretista, procuram refúgio no sonho. De se desejar sempre ir além do impossível. Dobrar o cabo da alma e ser sempre qualquer coisa e o seu contrário, a soma ou a ausência. Nihil. Karuna, karuna, aqui e agora, aqui e agora...

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  3. ...partir para uma Índia Nova, feita da matéria de que os sonhos são feitos, foi a opção saudosista, integralista e de algum modernismo. Agora que os tempos são semelhantes, que campeia a onzena sem rédea nem freio; que partem as gentes, descalças e de cotovelo roto, para outras terras; que se vive um tempo apocalíptico em que a razão fica aposentada e os filhos de uma pátria morta (sim, porque como sabemos, Portugal desceu ao túmulo), tal como na geração neo-garretista, procuram refúgio no sonho. De se desejar sempre ir além do impossível. Dobrar o cabo da alma e ser sempre qualquer coisa e o seu contrário, a soma ou a ausência. Nihil. Karuna, karuna, aqui e agora, aqui e agora...

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